quinta-feira, 3 de junho de 2010

ZARA - Parte II

(- Não pedi para entender Radan. Proteja. Não pergunte o q não posso explicar.)


Ele saiu.
- vó Zara me explica!
Ela me olhou profundamente,
Quando já estava sem chão me disse:
- Filho, vocês dois são irmãos gêmeos. Nasceram juntos, e por mais estranho q te pareça, vão morrer juntos porém separados. Deus me deu a graça de te encontrar aqui. O irmão da minha neta. Um branquelo, sangue italiano, mas... meu neto. Tanta agua vai rolar, tanta coisa vai acontecer... porém no fim, vocês vão subir de mãos dadas para o outro lado. Eu vou estar esperando.
Já arrumei minhas coisas aqui. Vou antes. Bem antes. Mas vou estar na porta do fim do mundo para dar a mão e levar vocês para o lugar que sempre sonharam.


Ela então fechou os olhos.
Zarinha que a conhecia me puxou para fora. E eu estava completamente sem entender.
- Sua vó tá doida?
- cala a boca Dinho.


O tempo passou...
Deitados no quintal ela exclamou!
- olha Dinho, um disco Voador!
- Só um avião sua anta. Disco voador não pisca em vermelho.
- Eu sei bobão, só estava brincando. Eles vem de Paris.
- E como vc sabe? enchergou a torre Eiffel lá?
- Sua burrice me comove.
- Isso é um elogio?
- Tá bom Dinho, esquece vai.
- Zarinha?
- Oi.
- Vc vai mesmo casar com aquele mané?
- Vou, e não é mané.  É imbecil.
rimos.
- Porque vc tem q fazer isso?
- Porque estou prometida. É assim.
- fala prá vó Zara te prometer prá mim. Ia ser legal. Decidiria sobre vc.
- Ninguém, nem ele vai decidir realmente sobre mim, mas, a vó bem que queria não fossem dois detalhes.
- Quais?
- Você não é cigano e somos irmãos.
- Zarinha, você acredita em tudo o q ela diz?
- Acredito.
- Nós vamos morrer no mesmo dia e hora?
- Vamos.
- Ela vai estar esperando a gente? 
- Vai sim.
- E seu futuro marido?
- Ele que se foda.
- Olha outro disco voador!
- É avião idiota. respondeu rindo.
- Mas podia ser né?
- Podia. Tanta coisa podia. 
- Você me ama né?
- Voce sabe que sim.
- Só que nunca ficaremos juntos. Certo?
- Certo.
- Isso não é justo, sabia?
- Eu sei.
- Não sou teu irmão só pq por coincidencia nasci no mesmo dia/hora/local q vc. Não sou diferente só pq não sou cigano. Eu sou um humano, como vc.


Dos teus olhos desciam lágrimas, mas vc mais forte que eu simplesmente disse:
- É assim. Vai ser assim. Eu te amo e nunca vou te ter. Nem vc a mim. Não aqui, nessa vida.
- Ahhhh q q eu faço? morro?
- Não! Ai eu morro também. A gente tem q fazer umas coisas ainda por aqui.
- Sabe Zarinha, se for pensar, não faço nada de útil.
- Vc existe para mim Dinho. Vc ilumina esse caminho. Já é algo né?
- E te perco no final?
- Não amor, a gente se perde durante mas vamos estar juntinhos no final.


A lua estava cheia e iluminava tenuamente o local.
Disse para ela:
- Então eu quero te ver. Como nunca te vi. Como apenas imaginei. Faz não por mim, se quiser, faça por nós. Pq somos o q nunca vai ser.
- Nunca diga nunca Dinho. Será. Só não aqui. Existem outros aquis seu burro!


E sorrindo vc se afastou uns 10 metros e parou ao lado daquela árvore q não sei o nome.
E lentamente se despiu.
A lua iluminava teu corpo lindo e a cada vez que ameaçava me levantar vc fazia sinal: FICA AI!
Fechei os olhos. Abri novamente. Vc estava lá. Linda, uma deusa, um sonho. Tinhamos 17 anos.
A lua dava um tom dourado a teu corpo e um brilho estranho nos teus olhos.
Vc fez: Não com as mãos mas eu levantei.
Devagar cheguei na tua frente.
Te beijei longamente e vc então disse:
- Vc sabe Dinho, não posso. Quero mas não posso. Por favor!
- Eu sei Zarinha. Nunca iria fazer algo q de alguma forma te prejudicasse. Mas... me deixa sentir teu cheiro. Me deixa te tocar de leve. Me deixe delinear com minhas mãos  esse corpo tão lindo.


Vc não disse nada, apenas sorriu.
Toquei teus olhos... beijei-os.
Parei na tua boca... beijando como nunca fiz com vc. Eramos somente amigos, mas beijei como sempre quis te beijar e tenho certeza, como sempre vc quis ser beijada por mim.
Ai com as mãos, delicadamente toquei todo teu corpo.
Cada pedacinho dele.


No fim tudo estava quente demais.
Paramos.
Só que ao te dar o último beijo, minha boca ficou molhada com tuas lágrimas.
Lembro que sai devagar, me voltei, te olhei e vc ainda chorava.
Ali, teu corpo refletido pelo luar.
Linda, sem ação.


Só pude, só pensei em sair dali. O desejo explodia em mim.
Vc se vestiu e me  alcançou no portão.
Eu disse:
- Zara, vamos sumir daqui? Eu não posso suportar isso assim. 
- Dinho meu amor, não vamos sumir daqui. Eu vou suportar tudo isso. Pela minha familia, pela minha história, pelo meus pais. Mas vc... vai passarinho. Voa!
- Voar? prá onde?
- Meu eterno e único amor, faz isso por mim. Voe. A gente se vê lá na frente.


Foi assim.

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