domingo, 31 de janeiro de 2010

Acentos...

Tá,
já sei.
Nunca achei q soubesse escrever.
Nunca mesmo.


Só quis deixar aqui meus pensamentos,
E, diferente de quem lê certinho as letrinhas,
Perco meu tempo pensando.
Esqueçam os acentos. Nem me preocupo com isso.
Acentuo apenas qdo acho q a ótica de quem lê pode ser diferente,
Ou qdo quero. O Blog é meu.
Eu quero passar somente meu coração,
Lexicamente falando, tem o site do prof. Pasquale.
Escrevo rápido. Escrevo minha mente.
Não vou parar para por corretor ortográfico, ou consultar dicionarios.
Já me dói escrever. 
Abraços

Disfarça, finge que tropeça e vai.

Se a pressão for tanta,
Que te impeça de seguir.
Se a mordaça for tão forte,
Que te impeça de falar,
Disfarça, finge que tropeça,
E vai.


Se a ameaça for grande,
Que te faz pensar em desistir.
Lembre-se de quem sofre,
Tome coragem,
Disfarça, finge que tropeça,
E vai.


Se tudo por fim desabar,
E o sorriso deles se abrir ao te verem parar,
Pense no vôo livre dos pássaros,
Dê mais um passo,
Disfarça, finge que tropeça,
E vai.

Eu, você, nós e o mundo

Você,
Mulher dos olhos espertos,
Que pensa que entende
A vida ao certo,
Não sabe de nada.
Não sabe da sujeira do mundo,
E se teus anos de vida
Te fazem mais bela,
Também te deixam mais velha
no quadrado do segundo.


Você,
Que tanto me admira
Pelo meu jeito de ser,
Que acha que a vida
Para mim é viver.
Que pensa sorrindo
Que eu não ligo para nada,
Errou sem querer,
Está enganada.


Eu,
Que vivo brincando,
Que conto piadas,
Que pareço amante
Da dura jornada,
Suspiro profundo
Sozinho num canto,
E choro o mundo
Num triste e caótico pranto.


Eu,
Que pareço ver
Em tudo beleza,
Que tento te mostrar
Onde está a felicidade,
Sou dor e tristeza,
Solitária constituição,
De remorsos e desilusões.


Nós,
Que nos encontramos um dia
Sem ter nem porque,
Não imaginavamos que o destino
Fosse jogar para valer.
Fomos levando,
Evitando pensar,
Quantas vezes sonhando
Num desfecho ao luar...
Mas sempre temendo
As consequências do despertar.


O mundo,
Que te criou com amor,
E te mostrou paciente
O lado bom da verdade,
Me cuspiu na cara,
Me transtornou a mente,
E me deixou na saudade.


Eu, você, nós no mundo,
Como poderiamos então
Ficarmos juntos?
Se nos pontos mais claros
Das experiencias passadas,
A maciez do veludo
É então contrastada
Com o ferro e o fogo
Em nossas personalidades marcadas.

Bar de esquina

Acabado
Quase morto. Retratado
Num bar de esquina.


Algo de sentimental 
Tenta transparecer
Por trás de um coração frio e marginal.


Derrotado,
Abatido, estraçalhado,
Faz gestos de se levantar.


Pede outra cerveja,
Olha a toa para fora,
E volta a se sentar.


Desiludido,
Só. Esquecido,
Pensa em se suicidar.


Acende outro cigarro
E na fumaça vem alguém.
Decide-se então pelos trilhos do último trem.


Acabado
Derrotado
Morre desiludido


Morto. Retratado
Abatido. Estraçalhado
Só... Esquecido.

Jovem

Sou louco
Sou pirado
Sou a desgraça
O resultado


Sou jovem
E você se importa
Você pergunta
Eu sou a resposta


Sou a consequência
Do amor destruido
Sou mais terrível
Que seu ar poluido


Sou a flor errante
Que floriu no cimento
Sou um raio de Sol
Aprisionado e violento


Você me odeia
Mas a culpa é sua
Sou a natureza
Que se revolta nas ruas


Você vem com tecnologia
Vem com ilusão
Rio da sua covardia
E vou com o coração.

Cavaleiro

Levo da vida fortes marcas
Da liberdade desvairada.
Na garganta preso um grito
Do real em disparada.


Levo nos olhos o brilho forte
Da lâmina de um punhal.
Para qualquer lado, sul ou norte
Cavalgo montado no irracional.


Levo nas mãos as rédeas firmes
Que controlam meu destino.
Vou com garra e passo por cima
Do que estiver em meu caminho.


Levo nos pés muita tristeza
De cidades mortas e incendiadas.
Mas quando se congela o coração
Não há desculpas para o perdão.


Sou o cavaleiro louco e maldito,
Fruto do mundo que me criou.
Sou o reflexo dos cacos perdidos,
Do espelho que foi lindo mas se quebrou.

Homem Invisível

Acorda cedo para trabalhar,
Engole rápido um pão amanhecido.
Corre para o ônibus abarrotado,
De gente espremida e escapando pelas janelas.


Num emprego comum entre milhares,
Faz tudo igual dia após dia.
Almoça numa marmita empobrecida
Pensando em quando as coisas haveriam de mudar.


Volta para casa quando tudo já está escuro,
Cheirando suor, quebrado e cansado.
Janta algo estranho e grudento.
Dorme e ronca em frente à televisão.


Depois do pagamento nas ruas lotadas,
pensa: Eu mereço, hoje vou gastar!
Loja após loja volta triste e cansado,
Com as mãos vazia sem nada comprar.


Fim de semana no futebol,
Na multidão grita como louco.
Rí, chora, chinga e briga.
Acaba num bar, bebe e vai dormir.


Um dia morre num canto qualquer.
Quem era? Porque? Ninguém quer saber.
Falta não fez nem vai fazer,
Desaparecendo sem nunca ter aparecido. Invisivel.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Esquina do mundo

É  pouco meu tio, não tenho teu dom de escrever, mas deixo isso aqui para você, Dica, Syrino Bianco  (in memoriam)


ESQUINA DO MUNDO.


Hoje aqui tão só,
Eu lembro dos tempos que foram.
Eu vejo como filme ao contrário,
Tudo o que tive, não quis e perdi.


Meu amigo, meu professor!
Agora já foi, não adianta, não dá mais.
O tempo passou como um raio,
E a matéria mudou, e mudada não volta atrás.


Você me contou sobre as estrelas,
Você me falou sobre o Universo.
Você me ensinou que o homem
É poeira mesmo que pareça bom ou perverso.

Você me disse sobre Deus.

Não esse Deus das igrejas e jornais.
Você me contou do único Deus,
Que está em tudo, no bem e no mal.


Você me falou do homem,
Um ser pequeno que tenta se encontrar.
Você me falou da vida,
Que espreita a morte mas não quer ver chegar.


Quantas vezes te ví na esquina do mundo,
Bebendo , naquela mesa de bar,
Tentando curar toda a dor que você trazia no peito,
Toda a dor que você sentia no fundo.


Não podia, não curou.
Mas talvez graças a essa chaga incessante,
Você fosse o que era:
Tão real, tão brilhante.


Pena que como os grandes,
Você não conseguisse enxergar a propria luz.
Pena que nessa tua vida você se sentisse como um trem fora dos trilhos, 
Que se perde e não se conduz.


Eu queria uma Dica:
O que é esse vazio que me consome?
O que é essa solidão que me rasga o peito?
O que somos nós? Montros ou homens?


Mas você foi e não voltou.
Feito tua lógica pura e simples.
Sem mistérios, sem ilusões,
Você foi e acabou.

Deus neném

Então,
Seus olhinhos dourados piscaram,
Refletindo neles todas as idades do tempo.
Uma lágrima surgiu matreira,
E devagar rolou pelo Seu rostinho solitário.


Ela caiu,
E explodiu em infinitas estrelas,
Nascendo assim o Universo,
Tão imenso, tão complexo,
E por onde agora Deus neném podia brincar.


Ele sorriu tão contente,
e Criança que era saiu a saltitar.
Pulou por entre Sóis como quem pula pedras de um rio.
E sorria....


É que Deus neném não estava mais só.





Tempos Bons

Tempos bons aqueles...
Na cabeça o vento da liberdade,
No coração o pique da aventura,
E na lembrança pouca coisa para lembrar.


Só voar, só voar...
O velocímetro no duzentos,
A vida suspensa no tempo,
A emoção presente em cada momento.


Tempos bons aqueles...
A garota maluca ao lado,
Os sonhos fazendo a estrada,
O instinto dando a direção.


Só voar, só voar...
O que interessa?
Duzentos pode ser pouco,
Mas quem tem pressa?


Tempos bons aqueles,
Que hoje não vivo mais.
Deus, que maldição é essa,
Que me joga no banco de trás?

Nada

Todo esse mundo,
Toda essa vida,
É nada.


Eu, você,
Todos nós,
Somos nada.


Nossas heranças,
Nossas recordações,
São nada.


Nossos objetivos,
Nosso futuro,
É tudo nada.


Porque o Universo,
Veio do nada,
E tende para o nada.


Toda matéria,
Toda a história,
Nada mais é


Que o nada antes são,
Agora doente,
Tentando se recuperar.

sábado, 23 de janeiro de 2010

ÚLTIMO VÔO

Essa é a história de um cara maluco
Que quis um dia voar.
Cansado de barulho e fumaça
Resolveu pular do viaduto do Chá.


Suas asas tinham o brilho do Sol,
E seu corpo alado cruzou o ar.
Voou bem acima das nuvens,
Deixando tristeza e violência para trás.


Dançou com estrelas coloridas,
Correu com cometas em galáxias perdidas.
Pousou num planeta estranho
Onde o tempo esqueceu de pousar.


Viu o Sol se por cor de rosa
E três luas surgirem do mar.
Deitou na areia azul
Sentindo o perfume da noite chegar.


Sonhou com flores tão lindas
Que se abriam ao primeiro olhar.
Acordou rodeado de pássaros
De penas púrpura e olhos cor de mel.


Eles cantaram canções coloridas
E cantando ainda, saíram a voar.
O Sol nasceu no horizonte mais puro
Que qualquer criatura poderia sonhar.


Mas lá em cima a uma distância infinita
Coisas estranhas começaram a acontecer:
Suas asas douradas e brilhantes
Na beleza do céu começaram a se dissolver.


Ele que tanto sorria,
Naquele instante se pôs a chorar.
E caiu rápido como um raio
Morrendo estraçalhado debaixo do viaduto do Chá.

Cidade de São Paulo

Muito, muito tempo atrás conheci uma pessoa que tinha vindo do nordeste fazer a vida na cidade de São Paulo. Acabou tendo que sair de lá e como falaram sobre a região metropolitana de Campinas ele juntou o quase nada que tinha e veio para cá. Trabalhou duro, mas São Paulo não lhe saia da cabeça, então, resolveu voltar. Não sei mais nada sobre ele, mas sua história é mais ou menos assim:


CIDADE DE SÃO PAULO


Vim de longe
A procura de trabalho
Não bebia, não fumava,
Não jogava baralho.


Diziam que você era a solução.
Te faziam bela.
Te chamavam: Salvação.


Cheguei assustado
Vendo todo teu corpo,
Abismado, maravilhado.


Sorri e fiz o sinal da cruz.
Agradeci a Jesus,
Por me ter feito te encontrar.


Mas o tempo passou,
E, eu quase não conseguia acreditar
Com que classe você me enganou.


Enquanto ficava a sonhar,
O pouco que eu tinha você roubou.
E sem emprego para sobreviver,
Tive também que roubar.


Fui preso, te odiei a cada segundo.
Virei mais um nada no teu mundo.
Apodreci no meio do teu lixo,
Mas ai, estranhamente,
Comecei a te amar.


Pude então entender,
Que estava exatamente igual a você.
Agora eu poderia ficar.
Assim você iria me aceitar.


Mas mesmo que eu quisesse,
Não poderia ir para outro lugar.
Teu sangue corre em minhas veias,
E correrá até você me matar.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Estrelas cadentes

Meu amor,
Hoje aqui, no final do meu tempo, estava a pensar...
O que vou deixar?
O que vai ficar?
Uma história bonita? Duvido.
Uma história sem rumo? Com certeza.
Mas... Do que sobrar... O que vai ficar? Nada.
Esse nada tão dolorido, que por sua própria ausência de ser, absorve e mata.
Queria deixar flores,
Queria deixar amor.
Queria deixar palavras que nem sei proferir.
Queria deixar uma marca, que não vou.
Queria deixar uma música, que nunca consegui compor.
Queria deixar um verso que nunca escrevi.
Queria pelo menos...
Deixar o sentimento,
Desse amor tão grande que sinto por você,
Mas que nunca consegui dizer.
Falar como se deve,
Mostrar como se mostra,
Provar,
Impor até...
Mas se fazer a certeza.
A certeza da vida,
A certeza do tempo,
A certeza do momento que é tão infinito que dura apenas um átimo de segundo.
A certeza que eu sinto e que nunca pude te fazer sentir.
A certeza do meu amor por você.


Ontem à noite, olhando pela janela, eu vi uma estrela cadente...
Como elas passam rápido né?
Quando percebi nem era mais.
Será que tudo tem que ser assim?

O DISCO VOADOR

Acordei naquela noite com uma puta dor de cabeça.
Ninguém em casa. Eram umas sete horas.
Peguei o carro e sai sem destino.
Numa estradinha estreita, fui em frente tentando achar um ponto de retorno, mas só via mato, de um lado e do outro.
Achei outra estradinha que cortava transversalmente a que eu estava, virei, mas, ao invés de estar voltando pra cidade estava me aprofundando mais ainda ali.
Pensei estar perdido, minha cabeça tava meio zonza e fiquei tentando achar o caminho de volta. Foi quando eu vi.
Numa clareira, não natural mas causada pela queda do objeto, estava um disco voador.
Juro, tava lá. Inteirinho, tinha até umas luzinhas ainda acesas.
Queria ir ver de perto, mas tinha medo. Não sabia o que fazer.
Tinha tipo um tampão ou escotilha em cima que estava aberta, e uma tênue luz verde emanava de lá.
Mas só. Parecia abandonado.
Sai do carro, mas fiquei com medo de chegar muito perto.
“E se essa porra é radioativa?”
“Mas, e se tem tripulante machucado lá?”
“E se tiver um monstro lá dentro só me esperando?”
O que fazer?
Ele era pequeno, no formato de um disco, do tamanho da minha sala mais ou menos, porém inspirava medo, curiosidade, solidariedade caso houvesse um alienígena ferido, e sei lá quantas mais sensações.
Tinha uma máquina digital com a qual poderia ter tirado um monte de fotos, mas não a havia trazido.
Quem iria acreditar nisso?
Pensei em minhas opções. Não eram muitas:
Fugir dali e esquecer que alguém ferido fora deixado para trás.
O que acarretaria na admissão pura e simples de que eu era um covarde.

Fugir dali, esquecer do alguém e contar a história para meus amigos.
E como resultado me chamariam de louco, chapado, e alucinado.

Voltar com um amigo pra mostrar que era verdade e ficar famoso.
O que faria com que a aeronáutica sumisse com tudo inclusive com o possível tripulante. Diriam que foi um balão visto por um simples homem neurótico.

Contar para minha irmã, uma delas, que eu amo de paixão e ver ela olhar pra mim com dó, medir minha temperatura e me por pra dormir.

Só me sobrava uma: Ir lá e ver se havia alguém dentro, e ajudar se possível.

Cheguei devagar..... “foda-se se tiver radiação, pensei” Eu estava do lado da fuselagem, lentamente aproximei minha mão (aquilo podia estar fervendo ou me derreter) encostei um dedo. Frio. Ufa!
Encostei a mão e apesar de ter uma consistência estranha, parecia só metal.
Agora era subir pra parte de cima, rumo a escotilha.
Os faróis do meu caro iluminavam como podiam mas davam uma aura mais misteriosa sobre aquele disco prateado.
Pensei uns instantes, parei de pensar e subi de uma vez.
Tentei pensar, desisti e coloquei a cara pela escotilha, recebendo nos olhos aquela luz tão verde.
Não tinha muita coisa lá dentro. Não sei como essas coisas conseguem voar,
mas tinha alguém, e seus olhos pediam ajuda.
Não era nada igual aos et´s que a gente vê em filmes. Ao contrário, parecia muito um humano, só que bem menor, magra e com uma roupa colada ao corpo mas que parecia (e era) metálica (dava a impressão de ser mulher).
E agora? Pensei.
Idiotamente disse Olá e perguntei se precisava de algo.
Ela apenas continuou me olhando.
Sua boca abria como se quisesse falar, mas dela não saia som algum.
Olhando melhor, percebi que devia mesmo ser uma mulher. Não sei porque, pelos olhos, pelo contorno da boca e porque era bonita. Mas vai saber né?
Olhei a roupa colada vendo se descobria alguma “mala” entre as pernas, mas não. Tudo lisinho. Porém.... vai saber...
Brincando disse: E ai? Vamos jogar tênis?
Inconcebivelmente, porque nunca esperaria isso, ela sorriu. Um sorriso triste. E disse:
-Me ajuda.
Não disse com palavras, mas sua voz ecoou na minha cabeça forte, e era uma voz feminina.
-Ajudo, respondi. O que eu tenho que fazer?
Ela não respondia na hora, não sei se porque estava machucada ou porque tinha que traduzir em algum dicionário cósmico o que eu dizia.
- Entra aqui dentro. (Palavras ecoadas em minha mente.)
Sei não, pensei. Se essa escotilha fecha eu fico trancado aqui.
-Não vai fechar, respondeu ela lendo meus pensamentos e falando dentro da minha cabeça. Mas vem logo. Não tenho muito tempo.

Sem alternativa honrosa, desajeitadamente entrei no disco.
Ele tinha muitos painéis, tinha armários embutidos, tinha uns controles como vídeo-game, tinha uma mesa central em provavelmente cristal com desenhos de mapas.
Sem prestar muita atenção a isso fui a ela que estava num tipo de poltrona da espessura de uma folha de papel, e tinha algo como um cinto de segurança em forma de x sobre seu peito. Mas tudo delicado, tudo muito fino, tudo provavelmente muito leve apesar de forte.
-Você vê os quadrados coloridos ai na sua frente? Ela disse.
-Ah esses ! E já fui indo colocar as mãos.
-Não! Ainda não. Apenas perceba-os.
Eram 12 quadrados coloridos, cada um com meio palmo de tamanho, cores diferentes e na frente da poltrona mas abaixo de um painel brilhante e opaco.
Era como se fosse um painel de controle, e o painelzão opaco fosse uma TV gigante.
-Pronto, estou percebendo.
-Eu estou morrendo, mas se você os apertar na seqüência certa, posso sobreviver. Entende?
-Claro, respondi. É só dizer a seqüência.
Ela sorriu de novo aquele sorriso lindo e triste.
-Amigo, eu não posso sair daqui, esses cintos só vão abrir na seqüência correta do painel. Isso é uma garantia para que em caso de acidentes, se não tivermos condições de levar a nave de volta, ela se auto destrua. Ela e no caso, juntamente eu.
Isso para não haverem vestígios.
Essa colisão afastou a poltrona mais de 1 metro como pode ver, pois entortou o seu ponto de ajuste. Assim não posso tocar os quadrados. Só você pode.
-Ta, ta já entendi. Me passa a seqüência então!
-Desculpa amigo, ela é única para cada um. Só você pode saber. Só você pode fazer.

Nesse momento, meu mundo caiu.

Uma vida na minha mão, e eu não tinha a menor noção do que fazer.
Já nem percebia mais que estava dentro de um disco voador. Juro, era somente um lugar, duas pessoas, uma morrendo e eu com o poder de salvar.
-Como você se chama?
-Me chame de Z, é a última letra do seu alfabeto. Pode ser Z.
-Porque não A então.
-Porque, você vai saber um dia.
-Um dia? Tenho dias?
-Muitos, e o A já passou.
-Você é mulher.
-Sou. Mas aperta logo esses quadrados.
-E se eu errar? Tudo explode?
-Não amigo, respondeu sorrindo novamente, nada explode.É apenas um código. Pode tentar, pode errar, mas apenas tente.
-E se der tudo errado?
-Ai eu vou morrer, mas, você vai ter tempo de sair, pegar seu carro e sobreviver, não se preocupe.
-Quantos quadrados?
-Seis.
-Na seqüência?
-Sim
-Não vou conseguir. É matematicamente impossível.
-Apenas tente, se puder.

Cada quadrado colorido que eu tocava, ele se iluminava. Tentei, juro que tentei, mas não dava em nada.
Nenhuma seqüência fazia efeito, eu estava desesperado.
-Amigo, a seqüência vem do coração. Você está tentando, eu vejo, mas acho que não vai conseguir.
-Mas uma hora eu acerto!
-Fosse outro tempo, talvez.... hoje como em boa parte da sua vida, sua mente está enevoada, seu coração perdido. Você não pode me ajudar. O tempo corre, e eu tenho que ir.
-Ir pra onde? Porque diz essas coisas? (enquanto digitava seqüências de quadrados como louco.)
Sabia que o ir era morrer, estava desesperado literalmente, batia naqueles quadrados e nada.
Parei.
Rezei, disse: Deus, eu não sou nada, mas ela é. Me ajude a salvá-la e se minha vida for o preço, eu pago. Ela vale alguma coisa, eu não.
Ela leu meus pensamentos e vi seus olhos marejando lágrimas, coisa que nunca imaginaria num extraterrestre, mas ali, nem pensava nisso. Ela era um ser humano para mim.
-Chega amigo. Você já mostrou quem é!
Os quadrados se iluminaram como vivos numa seqüência, seis um atrás do outro e o cinto dela se abriu.
-Ei???? O que...
-Cale-se amigo. Palavras não servem nessa hora. Vem aqui.
Cheguei desconcertado perto dela, já desconectada do cinto, mas ainda visivelmente doente.
Ela me olhou, sorriu e abriu os braços.
Eu a abracei e no aperto do abraço ela disse:
-Você não poderia me curar, mas eu te curo. Agora.
Ela colocou a mão sobre minha testa e uma luz azul, azul bem clara me preencheu.
Eu via a luz sair pelas pontas de meus dedos, eu sentia que ela também transbordava pelos olhos, era incrível, era mágika. (é com K mesmo).
-O que é isso? Como pode ser isso?
Ela respondeu: É o que resta de mim aqui nesse Universo. Passo para você. Não perca isso. Te dou meu maior tesouro. Não perca.
Foi assim que ela morreu nos meus braços....
Z

Ollhei seu rosto lindo, imóvel. Não acrediava. Chacoalhei-a, apertei novas seqüência dos quadrados, mas nada.
Com certeza se minha mente não estivesse embotada e meu coração transbordado por tantas amarguras, a teria salvo.
Eu sabia disso.
E ela também.
Sai daquele disco chorando, olhava-o e para mim não passava mais que um monte de metal.
Quem estava dentro se fora, e de alguma forma, eu sabia que havia deixado perder.
Já passavam das 3 da manhã, peguei o carro e fui seguindo a trilha que estava mais perto, nem imagino como seus faróis ainda estavam ligados e como pegou.
Acabei voltando para casa, mas não conseguia parar de chorar.
Ela havia me curado, como dissera em suas últimas palavras.
Ela me curou do mal maior, da depressão que me consumia e me levava ao caos.
Nunca mais deixei minha mente se entupir de nada.
Abri meu coração para Deus, e tive a resposta tão bela do filho pródigo.

Z
Olho no céu para uma estrela e vejo você lá.
De volta de sua viagem espacial.

Z
Você escolheu como nome a última letra do meu alfabeto pois sabia que teria que começar um totalmente novo.

Z
Voltei na mata no dia seguinte e só havia a clareira causada pelo impacto. Mais nada.

Z
Obrigado por dar uma parte da sua vida para mim. Eu, tolamente pensava que a estava salvando, e na verdade era você quem me salvava.

Z
Que esse nosso Deus Maravilhoso cuide sempre de você.
Ah! Se precisar de uma mãozinha, bom, agora minha mente pensa rápido, agora meu coração está cheio do bem. Se precisar, acho que agora posso te ajudar.

Um beijo