quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Coisas para se pensar nesse novo ano que chega - Schopenhauer

A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos.

Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência.

As pessoas comuns pensam apenas como passar o tempo. Uma pessoa inteligente tenta usar o tempo.

Quanto mais elevado é o espírito mais ele sofre.

O amor é a compensação da morte.

Sentimos a dor mas não a sua ausência.

O bom humor é a única qualidade divina do homem.

Os eruditos são aqueles que leram nos livros; mas os pensadores, os génios, os iluminadores do mundo e os promotores do género humano são aqueles que leram diretamente no livro do mundo.

As causas não determinam o caráter da pessoa, mas apenas a manifestação desse caráter, ou seja, as ações.

A ignorância só degrada o homem quando se encontra em companhia da riqueza.

O que a história conta não passa do longo sonho, do pesadelo espesso e confuso da humanidade.

Talento é quando um atirador atinge o alvo que os outros não conseguem. Gênio eh quando um atirador atinge o alvo que os outros não vêem.

Os primeiros quarenta anos de vida nos dão o texto: os trinta
seguintes, o comentário "

Em geral, chamamos de destino as asneiras que cometemos.

Nem todos os loucos ou burros são fanáticos, mas todos os fanáticos são loucos ou burros.

O Homem é livre para fazer o que quer, mas não para querer o que quer.

Não existe vento favoravel à quem não sabe onde deseja ir

Uma maneira de agradar é deixar que cada um fale de si.

O amor é como os fantasmas de que todos falam, mas que ninguém viu.

Coisas pare se pensar neste ano novo que chega - Nietzsche


A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.
Friedrich Nietzsche


Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.
Friedrich Nietzsche


O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.
Friedrich Nietzsche


Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.
Friedrich Nietzsche


Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.
Friedrich Nietzsche


É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.
Friedrich Nietzsche


Não se odeia quando pouco se preza, odeia-se só o que está à nossa altura ou é superior a nós.
Friedrich Nietzsche


Até Deus tem um inferno: é o seu amor pelos homens.
Friedrich Nietzsche


A vida mais doce é não pensar em nada.
Friedrich Nietzsche


Não é a intensidade dos sentimentos elevados que faz os homens superiores, mas a sua duração.
Friedrich Nietzsche


No convívio com sábios e artistas facilmente nos enganamos no sentido oposto: não é raro encontrarmos por detrás dum sábio notável um homem medíocre, e muitas vezes por detrás de um artista medíocre - um homem muito notável.
Friedrich Nietzsche


Muitos são os obstinados que se empenham no caminho que escolheram, poucos os que se empenham no objetivo.
Friedrich Nietzsche


Saber é compreendermos as coisas que mais nos convém.
Friedrich Nietzsche


Nos indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra.
Friedrich Nietzsche


Aquele que vive de combater um inimigo tem interesse em o deixar com vida.
Friedrich Nietzsche


Em tempo de paz o homem belicoso ataca-se a si próprio.
Friedrich Nietzsche


A vaidade dos outros só vai contra o nosso gosto quando vai contra a nossa vaidade.
Friedrich Nietzsche


Os poetas são impudicos para com as suas vivências: exploram-nas.
Friedrich Nietzsche


Quem atinge o seu ideal, ultrapassa-o precisamente por isso.
Friedrich Nietzsche


O aforismo, a sentença, nos quais pela primeira vez sou mestre entre os alemães, são formas de «eternidade»: a minha ambição é dizer em dez frases o que outro qualquer diz num livro -, o que outro qualquer «não» diz nem num livro inteiro....
Friedrich Nietzsche


No elogio há mais impertinência do que na censura.
Friedrich Nietzsche

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Começo e fim

Quando algo começa,
Só podemos ter certeza de que haverá um fim.


Assim como quando algo acaba,
Sabemos que começou um dia.


Inicio e fim,
Circulo mágico da existência.


O fim se une ao começo,
E todo o Universo circula ai.


Círculo dolorido,
De criação e destruição.


Círculo inexplicável,
Da criação e recriação.


Círculo triste,
De entendermos que quase nunca damos a volta toda.


Círculo lógico,
Que nos posiciona temporalmente aqui.


A serpente mordendo o próprío rabo.
Círculo.


Não quero mais,
Andar em círculos.


Não quero amar,
E desamar amando depois.


Não quero nascer,
Morrer e renascer.


Não quero olhar sem que meus olhos vejam,
E enxergar depois.


Não,
Eu quero começo e fim.


Não quero dar voltas,
e se for fim, que seja de uma vez.


Para sempre,
Para nunca mais.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Nunca peça balas no Natal

Modo estranho de dar boas vindas o desse Papai Noel.
Ele e três anõezinhos maiores que eu.
Não fosse o tamanho, estariam perfeitos (as crianças haviam adorado).
Não fosse a metralhadora na mão, o Noel seria o ideal.
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Tudo muito bonito, ele lá na frente do portão distribuindo balas prá toda gente que passava e tocando seu sininho como um doido.
Alguém ouviu. Sentiu.Viu.Uma das crianças que correu e contou para as outras.
Foram, aliás voaram  até ele para ganharem uns doces.
De repente, estavam dentro de casa o Noel e seus três estranhos anões.
- Vamos mostrar o Papai Noel para o papai!  Gritava meu filho mais velho de 5 anos.


De início até achei engraçado, afinal, aqueles representantes do natal americanizado conseguiram distrair meus filhos fazendo-os esquecer um pouco a mãe que se fora.
Estavam na minha sala, convidei-os a tomarem uns drinks e tomaram. Tomaram. Como bebiam aqueles caras...


Em dada hora o Noel exclamou:
- E agoooora! Vamos ver o que temos para a familia feliz!
E ví.
No início pensei que fosse brincadeira, afinal, hoje em dia eles imitam tudo muito bem.
Mas depois... quando meu gato caiu fulminado com uma bala percebi que tudo estava errado (além do bichano estar ali 'a meia noite e não na gandaia).
O revólver de um dos "anõezinhos gigantes" ainda fumegava, com silenciador e tudo.


Ao verem o gato chumbado no chão as crianças correram até mim e chorando me abraçaram.
- Papai faça algo! Era o mais velho dos três que pedia, na época com 5 anos.
Três revolveres e uma metralhadora apontados para nós e ele queria que fizesse alguma coisa.
Fiz. Comecei a tremer heroicamente. Uma bala foi o que o gato ganhou, e nem colocou uma meia no prego da porta.


O Noel gritou:
- Fiquem quietinhos e ninguém vai morrer. O gato foi somente um exemplo.
Bom, já era um ótimo início de papo.


- O que vocês querem afinal? Arrisquei dizer.
- Cala a boca animal!
Bom, já era um ótimo fim de papo.


Então, cada pseudo-anão agarrou uma criança, e não sei se bravos soldados ou mudos de medo, pararam de chorar.


- As crianças não! Levem tudo daqui, façam o que quiserem comigo, mas por favor, deixem-nas em paz! Pedi, implorei, exclamei, nos bons termos de frases chavão de filmes americanos.


- Quieto palhaço! Ou estouro a cabeça de vocês quatro. Cuspiu o Noel na minha cara, nos bons termos de frases chavão de filmes brasileiros.


E me virando de costas para as crianças, com a metranca no meu nariz, disse com toda a cordialidade que lhe era peculiar:
- Acontece que meus anõezinhos cresceram um pouco demais, como pode ver. Você sabe, ninguém vai gostar disso. Dai então que preciso de três novos anões. Entendeu?


Não entendi no momento (é que eu ainda não sabia) mas fiz que sim pois estava claro que para ele não interessava muito o fato de eu haver entendido ou não; quando alguém vindo por trás sufocou-me com um pano embebido em sei lá o que...


Eram duas horas da manhã de Natal quando acordei com uma terrível dor de cabeça.
Estava só.
Nem Noel, nem estranhos anões, nem meus 3 filhos.


Dor, dor imensa. Dor que corroía feito ácido circulando por minhas veias. Dor que me destruia por ter perdido tudo sem nem saber porque.


Sequestro? Mercado negro de crianças? Terrorismo? Vingança? Loucura? Tara? Tudo me passou pela cabeça (é que eu ainda não sabia).
Desmaiei.


Depois, de voltar da delegacia, ter feito ocorrência policial e tudo mais, sentado na varanda, o vento tentando me consolar acariciando meu rosto, não conseguia deixar de pensar:
Só, sem ninguém. Sem familia. Nem mulher e nem filhos.... Se ao menos nunca tivesse tido nada disso.
Porque Deus nos dá as pessoas, deixa-nos amá-las e depois nos toma como se nunca tivessemos tido direito 'a elas? (Era revolta pura, afinal Deus é amor e não tem nada a ver com isso. Mas na hora, foi o que pensei).


Era Natal,
Acordei num hospital depois de ter desmaiado bebendo um litro de vodka rindo e chorando pelas ruas vazias e acinzentadas da cidade.
Médicos com sono, enfermeiras de horrível humor, atendimento péssimo, atenção mínima. É que era o SUS, e era Natal.


Comecei a rir sozinho, ria feito um louco (é que talvez começasse a perceber o que ainda não bem sabia).
Calaram-me com uma injeção tipo "sossega leão".
Cada vez que acordava, ria de novo. Gargalhava.
Ai vinha outra injeção. Depois mais outra.
Tantas que nem me lembro.


Os dias passavam e eu não sabia.
Numa das vezes que estava saindo do "transe alopático" percebi que o quarto estava cheio.
Tinha uma pessoa que dizia ser minha mulher. Mas não era. A minha havia morrido certa vez sem ter porque, e deixado algo parecido em seu lugar, que andava como ela, falava igual a ela, mas não era.
Um certo primo do qual nem mais me lembrava gritava com o tal doutor e que advogado que era, iria processá-lo por negligência e erro médico.
Dizia que tinha tomados doses excessivas de sei lá o que e que estava vivo ainda sei lá porque.
Alguém ao meu lado cochichava com outro minha triste sina e contava sobre um caso em que quatro bandidos perseguidos pela polícia, fantasiados de Noel e anões, foram fuzilados dentro de um carro na noite de Natal, e que junto morreram três inocentes crianças, talvez reféns de um plano qualquer, sendo o maior com cinco anos.
Dormi.


Depois eu não me lembro bem, disseram que tinha crises de violência, vieram choques, camisa de força, jatos d'agua.
Já fazem 3 anos.
Dizem que sou louco. Não acredito.
Mas fico por aqui. Não tenho para onde ir. Não tenho porque sair.
Vivo só. No meu mundo. Com meus pensamentos.
Sou sustentado não sei por quem, não me visitam. Também não quero.
Está bom assim. Talvez isso seja a loucura. Entender e conviver com o destino sem querer mudar.
Mas afinal, para que?
A gente passa a vida toda tentando crescer segundo nossos padrões.
E será que eles são verdadeiros? E se não forem? O que é a verdade afinal?


Mas eu vivo. E vivo para esperar todo ano este dia.
Este dia maravilhoso que me dá forças para viver mais doze meses a fim de vê-lo novamente chegar.
Viví o primeiro para ver, para verificar se realmente aconteceria (é que apesar de já saber, ainda desconfiava).
Aconteceu.
Agora vivo para esperar a próxima vez.
Quando eles vem, e vem.


Ontem deitado só esperava a meia noite, meia noite de Natal.
Quando ela chegou ao sons dos sinos lá fora, eles vieram também.
Na escuridão solitária do meu triste quarto do sanatório, quatro luzes azuis surgiram ao pé da minha cama.
Oh Deus, como amo estas luzes!
Cada uma brilhou produzindo raios que escapando do seu centro, transformaram-se em membros, tronco e cabeça, delineando-se em pernas, braços, mãos e enfim corpos perfeitos.
Então eles me olharam, sorriram, disseram que me amavam, cantaram para mim ao som dos sinos que batiam.
Como sempre, prometeram vir no próximo ano.
Havia um sorriso sincero em cada um.
Os quatro.
Papai Noel,
e seus novos três anões,
meus filhos.
Era Natal.

sábado, 13 de novembro de 2010

Longe

Longe de vc eu não vivo,
Longe de vc eu não sobrevivo.


É tão grande a distância,
E a gente as vezes aumenta mais.


Loge de mim vc não vive,
Longe de mim vc não sobrevive.


Longe de nós não pode haver,
Porque morreremos tentando chegar.


Longe,
Eu não pedi isso.


Longe,
Vc nunca quis isso.


Mas estamos longe,
E temos que nos reencontrar.


Porém é longe,
Vai doer, vai cansar.


Alguém vence no final,
Nós ou a distância.


Longe,
Eu te vejo aqui.


Longe,
Eu te sinto comigo.


Longe,
Longe

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quem matou Papai Noel?

Nesta época, sempre recoloco esse texto pois acho muito interessante. É de autoria do meu amigo Sid ( http://sidbrazil.blogspot.com )



Quem Matou o Papai Noel?
um texto de Sid ViciouZ, resgatado dos arquivos da Opus666 (http://internettrash.com/users/opus666/)

Esse ano pensei num presente de natal legal prá minha mãe: Ficar arrumadinho e mauricinho no dia de Natal. Tipo cabelinho com gel, terno Armani, essas coisas....
Mas minha namorada, a Elektra, disse que seria mais fácil eu converter minha mãe em punk, dai, com essa "força" toda eu desisti.
Também ela podia assustar e bater pino...
Falando nisso, eu desejo a maior saúde a todos vocês nesse ano que vai vir.... porque do cemitério ou do hospital não deve dar prá acessar a internet, e dai o nosso contador de visitas ia ficar baixo.
Mas o problema maior é:
QUEM MATOU O PAPAI NOEL?
Do lado do prédio onde moro tem uma loja grande, tipo magazine, e tinha alí um papai noel, meio acabadão, barba mal colada e roupa surrada, que ficava como free-lancer alí na frente dando balinhas velhas e coletando o que quer que se quisesse dar prá ele... Isso foi no natal do ano passado....
Quando acordei dia 24, uma ressaca desgraçada, olhei pro espelho e disse: bem me quer, mal me quer.... ele respondeu: quem te quer? Espelho idiota, cuspi pasta de dentes nele e sai prá comprar diabo-verde prá dar um jeito no meu estomago, que estava meio revoltado.
Lá em baixo tinha um povo aglomerado na frente da loja e pensei: Liquidação de Natal? Mas tinha dois carros da policia e um do resgate, e a menos que a promoção fosse imperdivel, aquilo mostrava que algo estava errado. Juro que cheguei a pensar que de alguma forma eu tivesse culpa daquilo e estavam ali prá me pegar, mas dai tentei lembrar de algo errado que tinha feito, e não achei nada tão importante assim, dai fui lá no meio da zona ver o que era aquilo.
No chão tava o Papai Noel morto. Dois pedaços de chumbo na testa, um fio de sangue escorrendo pela sarjeta...
-Mataram o Papai Noel!
Afinal, quem quer um Papai Noel que peça presentes ao invés de dar?
Uma criança pequena com os olhos ramelentos escapou do cerco e foi lá com o pezinho cutucar o defunto, acho que prá ver se era real mesmo. Tomou uma dura do policial e sumiu no meio da multidão...
Problema sério esse, assassinaram o Papai Noel na véspera do natal....
Tinha tres zés ali perto, rindo e rindo, tirando sarro, cascando com a meia furada do Noel, escondida antes por um sapato que devia ter sido despachado pro além...
Tinha umas velhas numa tristeza simulada, cochichando umas com as outras, talvez felizes por terem fofoca pro fim do ano todo...
Tinha uns caras de terno comentando que era apenas um mendigo-noel, que devia ser passador de drogas, que devia ter encontrado o que procurara, e outras coisas mais que se costumam falar de pobres que se dão mal...
Do seu famoso saco de pano vermelho, o policial começou a tirar papel e mais papel....
O saco do Noel tava cheio de jornal velho para aparentar que continha algo de mais interessante... mas na verdade tinha apenas papel.... e mais papel.....
Me virei pro corpo, tipo prá indagar: mas então, não vai sair nenhum presente dai? mas ele já estava coberto com um plástico preto, e apenas se podia ver uma mão escapando lá debaixo, e nessa mão um anel...
-Seria casado o Papai Noel? Será que ele estava na merda porque tinha que pagar pensão alimenticia prá mamãe Noel e uma rempa de filhos?
Prá aumentar o mistério ainda podia ser que esse assassinato fosse uma conspiração dos anõezinhos que o acompanhavam, e possivelmente, dado a aparencia do chefe, não deviam receber salário a um tempão...
Tentei chegar mais perto mas dei de cara com um investigador nada amigável, que devia ser legal e alegre apenas torto de bêbado na virada do dia 25... e como não era o momento, e como eu detesto qualquer contato, até espiritual com polícia.... recuei. Tô fora.
Não tinha mais nada prá fazer alí, fui abrindo caminho prá sair no meio do povo, que inexplicavelmente continuava lá. Todos falando, sussurrando, rindo, todo mundo comentando o triste destino daquele que povoou nossos sonhos de criança... e agora ia povoar uma reles nota de fundo na página policial do jornal local e habitar uma cova rasa de indigente no cemitério do bairro.
Na esquina, quando a multidão já ficava longe, estava, sentada na sarjeta, a menininha que tinha cotucado com o pé o corpo do Noel. Eu olhei para o seu rosto e ela estava chorando. Silenciosamente, mas chorando. Era uma menininha de rua, e talvez chorasse por nunca ter recebido porra nenhuma do velho, e agora com ele morto, não ia receber nunca mais mesmo.
Talvez chorasse por ter percebido que aqueles sonhos, impossíveis, mas que viviam lá no fundo escondidos, apesar de toda a realidade nojenta das ruas, tinha morrido, e você sabe, não existe morte pior que a dos sonhos não realizados...
Não sei porque ela chorava, mas no curto e rápido momento que nossos olhos se cruzaram, cortou o ar a pergunta que com certeza lhe martelava a mente:
QUEM MATOU O PAPAI-NOEL?
por: Sid ViciouZ
para: Opus666

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Conquistas

Eu tive que te deixar para conquistar o mundo,
E era somente para tí.


Doeu, doeu demais,
Mas eu tinha que ir.


Ví e viví coisas indescritíveis,
Mas meu norte, para retornar era vc em minha alma.


Sabia que me esperava,
Sabia q entendia que queria um futuro melhor para nós dois.


Ninguém entra numa fogueira porque quer,
Fazia tudo por você, meu amor, minha mulher.


Vc me amou como nunca fui amado,
Te amei com todas minhas forças.


Mas ao voltar e ver o teu corpo inerte,
Meu mundo caiu.


Não, não podia ser justo.
Não, eu lutei em nome do nosso amor.


voltei vencedor, mas alí, naquele instante,
Entendi que havia perdido tudo.


Cerrei teus olhos,
Me fechei para a vida.


Haverá de haver um tempo,
Onde possamos nos reencontrar.


Amor, fica uma dor enorme aqui:
Porque vc não me esperou?


A gente podia até ir junto,
Para esse lugar.


Sei que minha falta te deixou assim,
Me desculpe.


Te encontro,
Logo ali.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cavalos Selvagens

Cavalos Selvagens,
Correndo pelos campos....
Não pude deixar de lembrar de nós.


Sempre corremos,
Sempre fomos livres,
Pois sabíamos  que não viveríamos se ficássemos presos.


E sempre meu amor,
Vc correu até mim e eu 'a vc.
E sempre esperamos um ao outro.


Cavalos selvagens: impossíveis de se  domar.
Não se colocam cabrestos ou ferraduras,
Pois ai eles definham e morrem.


Nos temos  por inteiro,
Simplesmente porque,
Sempre nos deixamos livres  para correr.


Sempre tivemos apenas um ao outro,
Mas porque, 
Nunca colocamos selas para cavalgar.


Somos assim meu amor,
Cavalos Selvagens.
Corremos pelos campos e sempre nos encontramos.


Seja aqui,
Seja lá,
Seja onde for.



sábado, 23 de outubro de 2010

Teus olhos

Olho em teus olhos
E vejo o Universo explodindo e se criando.


Olho em teus olhos
E vejo toda a evolução da Terra.


Teus olhos,
Olhos meus.


O infinito se passa ai,
Mesmo q a realidade não se passe aqui.


Porque vc não vem?
Estou cansado do "sempre assim"


Olho em teus olhos
E vejo um futuro de Sol.


Olho em teus olhos
E vejo  um passado lindo e de fogo.


Mas amor,
Me importa o presente.


Estar com vc,
Em tí, em teus olhos.


Tá tudo complicado né?
Tudo embaçado por tanta interferência.


Sintonize melhor,
Eu vou tentar também daqui.


Sintonizo em teus olhos,
Sintonize nos meus.


Olhos...
Abertura para a alma.


Olhos..
Não dá para mentir.


Olhos,
Onde nada se esconde se vc souber ler.


Ei! Me deixe pelo menos,
Ter teus olhos.


Que seja breve,
Mas que seja profundo.


Como tudo
entre nós.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Olhe! Está tudo Claro. As Sombras estão em teus olhos.

Estava um tédio na escola, tinha acho uns 10 anos quando chegou aquele japonesinho tímido.
Era recreio, ele parou do meu lado e me olhou.
- E ai Japa?
- Japa o caraio (é disse assim, caraio mesmo). Eu sou ninja!
- Tá ninja. Oi.
- Não me chamo ninja, me chamo Hoshi. Posso te fazer em pedaços em um segundo! Disse fazendo umas poses cômicas.
Ele era magrinho, mirradinho, tava sózinho por ser diferente.
Eu queria ser o amigo que inconscientemente percebia q ele não tinha, então continuei:
- Hoshi não é nome de tempero?
- Não. Hoshi significa estrela.
- E vc é uma estrela?
- Sou uma estrela ninja! Cuidado comigo!

Nesse momento chegaram uns garotos, de uma turminha manjada, e já combinados puseram ele numa roda.
Começaram a empurrá-lo de um lado para outro, e ele começou a chorar.
Olhei pro chefe da "tropinha" (era assim q se chamava na época) e disse:
- Para Zé, deixem ele em paz!
- Vc vai defender esse mosquito japonês?
- Não Zé. Mas deixem ele. Não tá fazendo mal a ninguém. Só deixem ele em paz.
Hoshi continuava chorando no meio da roda, mas pararam de brincar, pois aguardavam ordens do chefe que me disse:
- Vamos acabar com esse japinha. Vc nunca quis ser da nossa "tropa", então, não pode fazer nada.
- Zé, vem cá, quero te falar uma coisa.
Ele veio de lado; sussurrei:
- Amanhã tem prova. Vc senta do meu lado. Te peço. Deixe ele em paz.
Ele entendeu. Estudamos juntos desde o primário. Era quinta série. Ele passava de ano colando de mim.
Deu uma piscada tipo: Combinado.
Voltou prá turma e em voz alta "proclamou":
- A partir de hoje ninguém mexe mais com o japinha. Vamos!

Deu o sinal e voltamos para a classe.
Hoshi sentava na frente, eu no fundo, mas a amizade que conquistamos alí nunca mais se desfez.

- Porque vc tá assim? Vamos jogar fubeca (bolas de gude)?, perguntei.
- Não, tenho q treinar para ser ninja.
- Mas vc não disse q era?
- Sou, mas tenho q me aperfeiçoar. Tenho q cuidar de tudo agora.
- Cuidar do que?
- Da minha familia, e de vc meu amigo.
- Mas seu pai não cuida da família?
- Cuida, mas ele tá doente.
- que que ele tem?
- Não sei, mas ouvi que vai morrer logo.
- Porque?
- Ele não sai da cama, não fala mais, tá magro feito caveira. Só olha prá gente, quando não tem uns tubos na cara.
- Nossa! Vai ver ele é astronauta. Eles tem tubos na cara.
- É, mas eles não ficam na cama.

- Me ensina um golpe ninja novo!
- Hoje não. Depois ensino.

O tempo passou, o pai dele morreu em menos de 3 meses.
Hoshi cresceu, ficou forte. Fazia kung-fú e se fez mestre nisso. Era respeitado.
Não precisava mais de mim.
Era a oitava série.
Eu tinha treze anos.

- Hoshi, o q a gente vai fazer ano q vem? Não quero colegial não. Vou fazer técnico. E vc?
- Também vou. Tenho q ganhar dinheiro.
- Porque?
- Porque sou o homem mais velho da familia. Vc sabe. Meu irmão nasceu pouco antes da morte do meu pai. E tem minha mãe. Nós estamos passando por muitas dificuldades. Não fossem os parentes... Quero mudar tudo isso.
- Eu também não tenho pai. Vc sabe, ele morreu qdo eu tinha 4 anos. Portanto, vamos fazer curso técnico de Eletrônica!
- Eletrônica? Pq?
- Pq é o futuro Hoshi. Já sei até onde: Na ETEC em Campinas. É a melhor do estado.
- Tem q pagar?
- Tem.
- Esquece.
- É, minha mãe também disse para eu esquecer, mas não vou. Não sei como, vou estudar lá!
- Não... 
- Sim! Vamos fazer um acordo?
- Qual?
- Prestar o vestibulinho (vestibular técnico na época) não custa nada. Vamos lá fazer. se não passarmos, assunto encerrado. se passarmos a gente vê depois.
- Isso é perda de tempo.
- Ei, Hoshi, sempre estamos entre os tres melhores da classe. Passamos na boa!
- Não é isso. Perda de tempo pq não teremos como pagar.
- Isso a gente vê depois. Vamos pelo menos para saber q podemos!

Fomos.
O resultado saiu no jornal.
sai de manhã correndo para comprar na banca da avenida.
Qdo abri na pagina dos resultados ví:
Estavamos lá. Aprovados.
Corri para casa.
- Mãe passei. Passei na ETEC.
Ela chorou.
- Vc é a primeira mãe q chora qdo um filho passa num vestibular.
- Filho. Isso é curso de primeira linha. É caro, muito caro. Vc passou na escola da Romi, vc passou no D.Bosco. Porque quer lá? Mensalidade alta, Campinas. Van, ônibus, comida? Desculpa querido não dá. Te falei prá não prestar a prova.
- Tá mãe, então paro de estudar. Se não for lá não vai ser em lugar nenhum (egoismo e insensibilidade da idade).
E ela chorava, chorava por eu ter passado num curso requisitado no estado todo. E chorava com razão. Só q eu não percebia.

- Hoshi, minha mãe só chora pq eu passei.
- A minha também.
- Porque? Perguntei.
- Amigo, vc sofreu pouco sabia? Entendo o choro da minha mãe. Vc não entende o da sua. São as mesmas lágrimas correndo pelos  mesmos lugares.
- Que lugares?
- pelas nossas vidas. Elas não querem nada para elas, mas não podem nos mandar para frente.
- Tá Hoshi. Não sou ninja, mas vou estudar lá. Nem q tiver q colocar aquelas roupas q me disse, usar aquelas armas e estrelas da morte e tudo mais. Não sei. Vou.
- E como?
- Nós vamos! Exclamei.
- Como?
- Não sei ainda. Mas vou descobrir.

Os dias passaram...

- Descobriu?
- Não, mas tem q ter um jeito.

E o "jeito" apareceu.
Era umas bolsa de estudos da prefeitura, onde eles pagavam tudo pelos 3 anos de estudo, e após formado, vc teria 1 ano para começar a pagar de volta nos mesmos 3 anos.
Porém, eles escolhiam quem. Tinha q se checar médias e notas da vida inteira (ninguém quer apostar em perdedores), além disso tinha q se provar q não se podia pagar.


No fim, lá foi minha mãe e a do Hoshi, mostrar que não tinhamos condições de pagar, provar que não conseguiam nos fazer o q queriamos para q pudessemos de alguma forma transformar esse lodo de mundo em um pouquinho melhor (ou mudarmos pelo menos para a classe média, o q obviamente era o mais interessante).

A bolsa veio. E lá fomos nós para Campinas desbravar um mundo q nem suspeitávamos ou imaginávamos  como seria.
Eu e meu amigo ninja.

Mas a partir dai, é outra história.