terça-feira, 15 de novembro de 2011

Zara IV


- Sem chance Zarinha.
- Porque?
- Porque tua amiga é mala. Tá?
- Mas ela é lindinha Dinho, e tá a fim de falar com você.
- Manda ela escrever uma carta. (não existia internet senão pediria um email, eu tinha 17 anos).
- Porque vc tem que ser insensível?
- Eu sou quem te pergunta: Porque você tem que ser insensível?
- Desculpa.
- Manda o mané do teu namorado falar com ela. Vão se dar bem. QI's parecidos.
- Tipo quanto?
- Tipo QI de brócolis.
(rimos, e olhando teu rosto eu te lia totalmente)
- Dinho, somos irmãos.
- É, como eu sou irmão de Hitler segundo o Cristianismo.
- Você sabe que eu te amo.
- Nossa, mudou minha vida saber isso.
- Você é idiota.
- O que o fato de nascermos na mesma hora e no mesmo hospital nos torna irmãos?  O que, além da tua vó cigana e maluca enfiar em nossas cabeças?
(Beleza é equilíbrio nas partes. Enquanto conversava olhava teu rosto, destacava uma metade e invertendo sobrepunha à outra e eram iguais.)
- Meu namorado é cigano, eu sou cigana. Somos comprometidos, é assim.
- Então vai.
- Não, eu fico.
- Porque? Para me machucar?
- Porque eu te amo seu burro, e porque por isso não consigo ir.
- Meu DNA é totalmente diferente do teu. Minha familia é completamente diferente da tua. Eu sou homem, você mulher. Porque temos que ser irmãos segundo uma lógica imbecil de dia/hora de nascimento?
- Porque minha vó sabe, isso não é físico, é espiritual.
(porém, se algo mesmo na perfeição destoa levemente, faz com q o cérebro de quem sente automaticamente foque, pois mesmo inconscientemente para você, ele entra num ciclo louco de tentar entender. Isso, diferencia as pessoas.)
- Zara, teu sorriso é lindo, teus olhos hipnotizam, mas...
- Mas...
- Porque apesar desse sorriso teus olhos são tristes?
- Você sabe porque.
(nos abraçamos enquanto o Sol se punha num vermelho lindo num inicio de noite em Campinas. 
Entendiamos que tinhamos tudo e nada ao mesmo tempo.)

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