sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cavalos Selvagens

Cavalos Selvagens,
Correndo pelos campos....
Não pude deixar de lembrar de nós.


Sempre corremos,
Sempre fomos livres,
Pois sabíamos  que não viveríamos se ficássemos presos.


E sempre meu amor,
Vc correu até mim e eu 'a vc.
E sempre esperamos um ao outro.


Cavalos selvagens: impossíveis de se  domar.
Não se colocam cabrestos ou ferraduras,
Pois ai eles definham e morrem.


Nos temos  por inteiro,
Simplesmente porque,
Sempre nos deixamos livres  para correr.


Sempre tivemos apenas um ao outro,
Mas porque, 
Nunca colocamos selas para cavalgar.


Somos assim meu amor,
Cavalos Selvagens.
Corremos pelos campos e sempre nos encontramos.


Seja aqui,
Seja lá,
Seja onde for.



sábado, 23 de outubro de 2010

Teus olhos

Olho em teus olhos
E vejo o Universo explodindo e se criando.


Olho em teus olhos
E vejo toda a evolução da Terra.


Teus olhos,
Olhos meus.


O infinito se passa ai,
Mesmo q a realidade não se passe aqui.


Porque vc não vem?
Estou cansado do "sempre assim"


Olho em teus olhos
E vejo um futuro de Sol.


Olho em teus olhos
E vejo  um passado lindo e de fogo.


Mas amor,
Me importa o presente.


Estar com vc,
Em tí, em teus olhos.


Tá tudo complicado né?
Tudo embaçado por tanta interferência.


Sintonize melhor,
Eu vou tentar também daqui.


Sintonizo em teus olhos,
Sintonize nos meus.


Olhos...
Abertura para a alma.


Olhos..
Não dá para mentir.


Olhos,
Onde nada se esconde se vc souber ler.


Ei! Me deixe pelo menos,
Ter teus olhos.


Que seja breve,
Mas que seja profundo.


Como tudo
entre nós.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Olhe! Está tudo Claro. As Sombras estão em teus olhos.

Estava um tédio na escola, tinha acho uns 10 anos quando chegou aquele japonesinho tímido.
Era recreio, ele parou do meu lado e me olhou.
- E ai Japa?
- Japa o caraio (é disse assim, caraio mesmo). Eu sou ninja!
- Tá ninja. Oi.
- Não me chamo ninja, me chamo Hoshi. Posso te fazer em pedaços em um segundo! Disse fazendo umas poses cômicas.
Ele era magrinho, mirradinho, tava sózinho por ser diferente.
Eu queria ser o amigo que inconscientemente percebia q ele não tinha, então continuei:
- Hoshi não é nome de tempero?
- Não. Hoshi significa estrela.
- E vc é uma estrela?
- Sou uma estrela ninja! Cuidado comigo!

Nesse momento chegaram uns garotos, de uma turminha manjada, e já combinados puseram ele numa roda.
Começaram a empurrá-lo de um lado para outro, e ele começou a chorar.
Olhei pro chefe da "tropinha" (era assim q se chamava na época) e disse:
- Para Zé, deixem ele em paz!
- Vc vai defender esse mosquito japonês?
- Não Zé. Mas deixem ele. Não tá fazendo mal a ninguém. Só deixem ele em paz.
Hoshi continuava chorando no meio da roda, mas pararam de brincar, pois aguardavam ordens do chefe que me disse:
- Vamos acabar com esse japinha. Vc nunca quis ser da nossa "tropa", então, não pode fazer nada.
- Zé, vem cá, quero te falar uma coisa.
Ele veio de lado; sussurrei:
- Amanhã tem prova. Vc senta do meu lado. Te peço. Deixe ele em paz.
Ele entendeu. Estudamos juntos desde o primário. Era quinta série. Ele passava de ano colando de mim.
Deu uma piscada tipo: Combinado.
Voltou prá turma e em voz alta "proclamou":
- A partir de hoje ninguém mexe mais com o japinha. Vamos!

Deu o sinal e voltamos para a classe.
Hoshi sentava na frente, eu no fundo, mas a amizade que conquistamos alí nunca mais se desfez.

- Porque vc tá assim? Vamos jogar fubeca (bolas de gude)?, perguntei.
- Não, tenho q treinar para ser ninja.
- Mas vc não disse q era?
- Sou, mas tenho q me aperfeiçoar. Tenho q cuidar de tudo agora.
- Cuidar do que?
- Da minha familia, e de vc meu amigo.
- Mas seu pai não cuida da família?
- Cuida, mas ele tá doente.
- que que ele tem?
- Não sei, mas ouvi que vai morrer logo.
- Porque?
- Ele não sai da cama, não fala mais, tá magro feito caveira. Só olha prá gente, quando não tem uns tubos na cara.
- Nossa! Vai ver ele é astronauta. Eles tem tubos na cara.
- É, mas eles não ficam na cama.

- Me ensina um golpe ninja novo!
- Hoje não. Depois ensino.

O tempo passou, o pai dele morreu em menos de 3 meses.
Hoshi cresceu, ficou forte. Fazia kung-fú e se fez mestre nisso. Era respeitado.
Não precisava mais de mim.
Era a oitava série.
Eu tinha treze anos.

- Hoshi, o q a gente vai fazer ano q vem? Não quero colegial não. Vou fazer técnico. E vc?
- Também vou. Tenho q ganhar dinheiro.
- Porque?
- Porque sou o homem mais velho da familia. Vc sabe. Meu irmão nasceu pouco antes da morte do meu pai. E tem minha mãe. Nós estamos passando por muitas dificuldades. Não fossem os parentes... Quero mudar tudo isso.
- Eu também não tenho pai. Vc sabe, ele morreu qdo eu tinha 4 anos. Portanto, vamos fazer curso técnico de Eletrônica!
- Eletrônica? Pq?
- Pq é o futuro Hoshi. Já sei até onde: Na ETEC em Campinas. É a melhor do estado.
- Tem q pagar?
- Tem.
- Esquece.
- É, minha mãe também disse para eu esquecer, mas não vou. Não sei como, vou estudar lá!
- Não... 
- Sim! Vamos fazer um acordo?
- Qual?
- Prestar o vestibulinho (vestibular técnico na época) não custa nada. Vamos lá fazer. se não passarmos, assunto encerrado. se passarmos a gente vê depois.
- Isso é perda de tempo.
- Ei, Hoshi, sempre estamos entre os tres melhores da classe. Passamos na boa!
- Não é isso. Perda de tempo pq não teremos como pagar.
- Isso a gente vê depois. Vamos pelo menos para saber q podemos!

Fomos.
O resultado saiu no jornal.
sai de manhã correndo para comprar na banca da avenida.
Qdo abri na pagina dos resultados ví:
Estavamos lá. Aprovados.
Corri para casa.
- Mãe passei. Passei na ETEC.
Ela chorou.
- Vc é a primeira mãe q chora qdo um filho passa num vestibular.
- Filho. Isso é curso de primeira linha. É caro, muito caro. Vc passou na escola da Romi, vc passou no D.Bosco. Porque quer lá? Mensalidade alta, Campinas. Van, ônibus, comida? Desculpa querido não dá. Te falei prá não prestar a prova.
- Tá mãe, então paro de estudar. Se não for lá não vai ser em lugar nenhum (egoismo e insensibilidade da idade).
E ela chorava, chorava por eu ter passado num curso requisitado no estado todo. E chorava com razão. Só q eu não percebia.

- Hoshi, minha mãe só chora pq eu passei.
- A minha também.
- Porque? Perguntei.
- Amigo, vc sofreu pouco sabia? Entendo o choro da minha mãe. Vc não entende o da sua. São as mesmas lágrimas correndo pelos  mesmos lugares.
- Que lugares?
- pelas nossas vidas. Elas não querem nada para elas, mas não podem nos mandar para frente.
- Tá Hoshi. Não sou ninja, mas vou estudar lá. Nem q tiver q colocar aquelas roupas q me disse, usar aquelas armas e estrelas da morte e tudo mais. Não sei. Vou.
- E como?
- Nós vamos! Exclamei.
- Como?
- Não sei ainda. Mas vou descobrir.

Os dias passaram...

- Descobriu?
- Não, mas tem q ter um jeito.

E o "jeito" apareceu.
Era umas bolsa de estudos da prefeitura, onde eles pagavam tudo pelos 3 anos de estudo, e após formado, vc teria 1 ano para começar a pagar de volta nos mesmos 3 anos.
Porém, eles escolhiam quem. Tinha q se checar médias e notas da vida inteira (ninguém quer apostar em perdedores), além disso tinha q se provar q não se podia pagar.


No fim, lá foi minha mãe e a do Hoshi, mostrar que não tinhamos condições de pagar, provar que não conseguiam nos fazer o q queriamos para q pudessemos de alguma forma transformar esse lodo de mundo em um pouquinho melhor (ou mudarmos pelo menos para a classe média, o q obviamente era o mais interessante).

A bolsa veio. E lá fomos nós para Campinas desbravar um mundo q nem suspeitávamos ou imaginávamos  como seria.
Eu e meu amigo ninja.

Mas a partir dai, é outra história.

sábado, 9 de outubro de 2010

Sombras não existem no escuro

Está tão escuro aqui,
Estou perdido.


Tento me orientar por sons,
mas está tudo quieto.


Tento perceber o norte por tato,
Mas não há o q tocar.


Tento seguir meu olfato,
Mas tudo tem cheiro de nada.


Tento sentir o gosto,
Mas é gosto de fél.


Isso é um labirinto,
E estou perdido nele.


Vc tem uma luz?
Brilhe para mim.