Olhei para aquela mulher linda,
Outrora estonteante luz,
E ví apenas sombras.
- Não sei. Queria saber, mas não sei.
- Você acha que tem lado de lá?
Eram poucos momentos de consciência,
A doença invadia mais e mais à cada dia seu cérebro.
Queria poder mentir,
Queria poder,
Mas não dava,
Meus olhos se enchiam de lágrimas e eu tentava disfaçar.
- Não sei minha linda, mas se houver vou te procurar.
- Uma vez eu te disse que ia acabar indo primeiro, lembra?
- É, vc foi mais esperta, mas eu te alcanço.
- Não, fica por aqui mesmo.
Seus olhos brilhavam e embaçavam sucessivamente,
Eu percebia,
Eu sentia,
O fim.
- Dinho?
- Oi.
- Você acha que vou para o inferno?
- Não minha luz, vc está saindo dele.
E foi assim que ela se libertou.
E assim será,
De uma maneira ou de outra,
Para todos nós.
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