Não fazia calor, nem frio...
O Sol estava começando seu eterno ritual de se por, quando o vi.
Foi depois de uma curva na estrada.
Eu ia a pé, andando prá algum lugar quando percebi seu corpinho frágil.
À minha frente ia o menininho, um sete anos, de shorts e camiseta com uma malinha na mão.
Seus ombrinhos estavam meio caidos, e mesmo de costas ele passava uma impressão de dor, de tristeza.
Apressei meus passos, cheguei perto dele e o toquei nos ombros, abaixando-me quando ele parou; de forma a ficar na sua altura.
Perguntei: - Menininho, prá onde você vai?
Ele virou-se para mim, lágrimas corriam em seus olhos, e com aquele rostinho tão pequeno me fitou e disse:
-Não sei.
Uma arrepio me subiu pela espinha, e fiquei sem palavras quando reconheci sua face.
O menininho era eu.
Como podia ser?
Eu com quarenta e sete anos encontrar-me comigo aos sete.
Paralisado ví ele se voltar para frente e continuar seu caminho...
Sem conseguir me mover ví seu corpinho sumir na distância e na noite que chegava.
Ele era eu.
Porque menininho, você nunca achou seu caminho?
Porque?
(2007)
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