quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tempos difíceis

Meu amor,
Vivemos tempos difíceis..
Prá nós dois.
As vezes nem dá prá acreditar,
Como tudo sai da ótica,
Como a gente pode se perder
Num dia.


Sinto tanto tua falta.
Agora sei,
muito tempo há de passar,
Mas eu não queria,
Não.
Não queria essas lágrimas em meus olhos.


Ei!
Olha prá fora ai!
E assim olhe para dentro de mim.
Mas olhe meu amor,
Olhe profundamente,
Porque não sei quantas chances haverão.


Vai,
Faça teu caminho.
Viaje, ande por todas as estradas.
Eu te espero.
Porque,
Simplesmente eu sei,
Que tudo se magnifica, tudo explode, e tudo se finaliza AQUI.
Juntos.



quinta-feira, 3 de junho de 2010

zara III

- Ae Radan ela tá olhando prá cá.
- Prá mim.
- Não parece. É para mim! Vc é um cigano estragado.
- Tá bom. 1.9, bonito e sensual. kkkkkkkkkkkk. É eu na fita.
- Se for, nem me importa, tá vendo a outra com ela?
Estavamos em Campinas no Zero Grau.
- Linda tbem.
- Dai a gente chega, prá mim daqui, qualquer uma.


Fomos, chegamos na mesa:
- Oi disse.
- Oi.
- Porque vc repete o q eu falei?
- Como?
- Disse oi.
- Eu também disse oi (a Loira dizendo).
- Então mas isso eu já disse.
- Vc disse vai se foder?
- Não. Ainda não.
E rimos e sentamos com elas.


- q vcs fazem? perguntei.
- Faço terceiro ano de medicina na Unicamp. Ela faz educação física.
O Radan começou a rir. Sabia a continuação.
Ficou conversando com a outra, e eu continuei:
- Credo.
- Qual o problema em fazer medicina? ela perguntou.
- Nenhum. O problema é almoçar no restaurante do teu campus.
- Q tem de errado lá?
- Tudo bem q a comida é horrivel, mas ficar na fila do lado de sei lá o q, um prédio q olhando prá dentro....
- Corpos. Pedaços de corpos, cabeças... isso?
- É, na hora do almoço não pega bem.
- Tá, vc compra vale mensal de refeição né?
- é.
- Lá diz q vc tem q espiar no laboratório?
- Não, mas a fila demora e a gente não tem o q fazer. Dai apesar das janelas serem altas, fui olhar.
- Aquilo é vc amanhã. Simples pedaços de pessoas. No geral indigentes. É carne preservada. Só isso.
- hmmmm e se puserem isso na comida? O restaurante tá do lado!
- fica tranquilo. Aquilo vale mais do q o  vc come ali.
- Eu ví a cabeça dum cara. nem comi no dia.
- essa é a intençao. Vc paga e não come. rsrsrsrs
- E aqueles tambores?
- Ué, tem gente lá. Ex-gente.
- Acho q vou mudar de restaurante.
- Quando comecei, levaram a gente lá.Além de nós estavam veteranos e o professor.
Eramos bixos (com X) então a sacanagem rolava total.
Quando vimos aquilo nos impressionamos, mas o professor tentava tornar tudo muito natural, como é na verdade.
Tinha tudo q é pedaço de corpo. E a gente tinha q ver aquilo sem emoção. Naturalmente.
O cara do meu lado, veterano f.d.p. enfiou algo no bolso do meu uniforme.
Automaticamente peguei e fui ver.
Era um penis.
Tava na minha mão.
Gelado em formol.
Depois disso,
não me emociono mais.
- Nossa, que história erótica! kkkkkkkk
- Vai se foder! Entenda uma coisa: Vc não tem q olhar lá dentro. Não tem q ver o q não quer. Porque meu lindo, sempre haverão coisas q vc não poderá suportar. Mas se quiser ver... verá. E se doer, se não aguentar, azar teu. Vc procurou. Q q vc tinha q olhar pelos vidros a dois metros de vc? Alguém teve q te fazer escadinha. Pena q vc viu pouco.
- Q mais tinha lá?
- Pergunte pro Badan Pal***res. Q tal mudar o assunto?


(foi ai q soube da existencia desse cara, e, conto depois, soube muito mais.)

ZARA - Parte II

(- Não pedi para entender Radan. Proteja. Não pergunte o q não posso explicar.)


Ele saiu.
- vó Zara me explica!
Ela me olhou profundamente,
Quando já estava sem chão me disse:
- Filho, vocês dois são irmãos gêmeos. Nasceram juntos, e por mais estranho q te pareça, vão morrer juntos porém separados. Deus me deu a graça de te encontrar aqui. O irmão da minha neta. Um branquelo, sangue italiano, mas... meu neto. Tanta agua vai rolar, tanta coisa vai acontecer... porém no fim, vocês vão subir de mãos dadas para o outro lado. Eu vou estar esperando.
Já arrumei minhas coisas aqui. Vou antes. Bem antes. Mas vou estar na porta do fim do mundo para dar a mão e levar vocês para o lugar que sempre sonharam.


Ela então fechou os olhos.
Zarinha que a conhecia me puxou para fora. E eu estava completamente sem entender.
- Sua vó tá doida?
- cala a boca Dinho.


O tempo passou...
Deitados no quintal ela exclamou!
- olha Dinho, um disco Voador!
- Só um avião sua anta. Disco voador não pisca em vermelho.
- Eu sei bobão, só estava brincando. Eles vem de Paris.
- E como vc sabe? enchergou a torre Eiffel lá?
- Sua burrice me comove.
- Isso é um elogio?
- Tá bom Dinho, esquece vai.
- Zarinha?
- Oi.
- Vc vai mesmo casar com aquele mané?
- Vou, e não é mané.  É imbecil.
rimos.
- Porque vc tem q fazer isso?
- Porque estou prometida. É assim.
- fala prá vó Zara te prometer prá mim. Ia ser legal. Decidiria sobre vc.
- Ninguém, nem ele vai decidir realmente sobre mim, mas, a vó bem que queria não fossem dois detalhes.
- Quais?
- Você não é cigano e somos irmãos.
- Zarinha, você acredita em tudo o q ela diz?
- Acredito.
- Nós vamos morrer no mesmo dia e hora?
- Vamos.
- Ela vai estar esperando a gente? 
- Vai sim.
- E seu futuro marido?
- Ele que se foda.
- Olha outro disco voador!
- É avião idiota. respondeu rindo.
- Mas podia ser né?
- Podia. Tanta coisa podia. 
- Você me ama né?
- Voce sabe que sim.
- Só que nunca ficaremos juntos. Certo?
- Certo.
- Isso não é justo, sabia?
- Eu sei.
- Não sou teu irmão só pq por coincidencia nasci no mesmo dia/hora/local q vc. Não sou diferente só pq não sou cigano. Eu sou um humano, como vc.


Dos teus olhos desciam lágrimas, mas vc mais forte que eu simplesmente disse:
- É assim. Vai ser assim. Eu te amo e nunca vou te ter. Nem vc a mim. Não aqui, nessa vida.
- Ahhhh q q eu faço? morro?
- Não! Ai eu morro também. A gente tem q fazer umas coisas ainda por aqui.
- Sabe Zarinha, se for pensar, não faço nada de útil.
- Vc existe para mim Dinho. Vc ilumina esse caminho. Já é algo né?
- E te perco no final?
- Não amor, a gente se perde durante mas vamos estar juntinhos no final.


A lua estava cheia e iluminava tenuamente o local.
Disse para ela:
- Então eu quero te ver. Como nunca te vi. Como apenas imaginei. Faz não por mim, se quiser, faça por nós. Pq somos o q nunca vai ser.
- Nunca diga nunca Dinho. Será. Só não aqui. Existem outros aquis seu burro!


E sorrindo vc se afastou uns 10 metros e parou ao lado daquela árvore q não sei o nome.
E lentamente se despiu.
A lua iluminava teu corpo lindo e a cada vez que ameaçava me levantar vc fazia sinal: FICA AI!
Fechei os olhos. Abri novamente. Vc estava lá. Linda, uma deusa, um sonho. Tinhamos 17 anos.
A lua dava um tom dourado a teu corpo e um brilho estranho nos teus olhos.
Vc fez: Não com as mãos mas eu levantei.
Devagar cheguei na tua frente.
Te beijei longamente e vc então disse:
- Vc sabe Dinho, não posso. Quero mas não posso. Por favor!
- Eu sei Zarinha. Nunca iria fazer algo q de alguma forma te prejudicasse. Mas... me deixa sentir teu cheiro. Me deixa te tocar de leve. Me deixe delinear com minhas mãos  esse corpo tão lindo.


Vc não disse nada, apenas sorriu.
Toquei teus olhos... beijei-os.
Parei na tua boca... beijando como nunca fiz com vc. Eramos somente amigos, mas beijei como sempre quis te beijar e tenho certeza, como sempre vc quis ser beijada por mim.
Ai com as mãos, delicadamente toquei todo teu corpo.
Cada pedacinho dele.


No fim tudo estava quente demais.
Paramos.
Só que ao te dar o último beijo, minha boca ficou molhada com tuas lágrimas.
Lembro que sai devagar, me voltei, te olhei e vc ainda chorava.
Ali, teu corpo refletido pelo luar.
Linda, sem ação.


Só pude, só pensei em sair dali. O desejo explodia em mim.
Vc se vestiu e me  alcançou no portão.
Eu disse:
- Zara, vamos sumir daqui? Eu não posso suportar isso assim. 
- Dinho meu amor, não vamos sumir daqui. Eu vou suportar tudo isso. Pela minha familia, pela minha história, pelo meus pais. Mas vc... vai passarinho. Voa!
- Voar? prá onde?
- Meu eterno e único amor, faz isso por mim. Voe. A gente se vê lá na frente.


Foi assim.

Zara parte I

-Zarinha, olha, um disco voador!
-Não bobão, é um avião descendo em Viracopos.
- Tá, mas podia ser né?
Estavamos deitados sózinhos no quintal da tua casa.
Era enorme, parecia mais uma chácara, e estavamos sós.
- Tava aqui pensando...
- Não pensa não Dinho.
-Para sua idiota, só pensei uma coisa.
- Que coisa, alias é a pergunta q vc quer ouvir. Que coisa?
- Você acha mesmo que tudo vai ser como a vó Zara disse? Sobre nós?
- Vai amor. Vai.
- E ela não pode errar?
- Ela não erra.
- Mas não acredito em destino.
- Você nem bem acredita em Deus. Destino é a menor parte.
- Parte do que?
- Do que viveremos aqui.
- Zarinha, olha outro disco Voador!
- Avião Dinho.
- Sou meio bobo né?
- Completamente.
- Nosso aniversário está chegando...
- Temos um monte ainda. O q vc vai fazer? Vem aqui.
- Não, meu avião parou de funcionar. Não voa mais.
- Porque vc é burro e não trocou o botão de partida.
- Isso não tinha q ser. Me diz! Pq estou aqui?
- Pq vc me ama, pq eu te amo. Só isso.
- Zarinha vc é virgem né?
- Vc sabe q sim seu otário.
- Sei nada não. Nunca chequei.
Rimos.
Choramos fingindo q riamos.
- Zarinha
- oi
- Nem eu sabia a hora que nasci e ela sabia. O dia podia ter visto, mas a hora...?


- Você Dinho, nasceu em 20 de Julho, dia que nasceu Santos Dumont, dia q o homem pisou na Lua pela primeira vez. Vc nasceu em 1961 as 9 horas e tres minutos, em Campinas. Beneficiencia Portuguesa. E eu nasci no mesmo exato momento e no mesmo lugar. Isso são fatos.


- Quando ela me disse, sério, desconfiei. Cheguei prá minha mãe e perguntei: Que horas eu nasci? Ela respondeu, lá pelas nove da manhã. Minha cabeça deu um nó.
- imagino Dinho, é duro não existirem respostas né? Olha outro avião!
- Disco Voador.
- Bobo.


- Zarinha vc acha mesmo q tudo vai acabar como ela disse?
- Que nascemos no mesmo dia, hora e local e morreremos distantes no mesmo dia e hora?
- é.
- Tenho certeza.


- Bom, então faz um favor para mim?
- Faço. Qual?
- Se cuida. Quero ficar aqui muito tempo ainda.
E rimos...


Isso foi no final dos anos 70.
Foi minha grande amiga, foi minha luz, foi meu norte.
Eu comia "lavagem" no restaurante da Unicamp, erá péssimo. E ela me convidava para almoçar com a família, e eu muitas e muitas vezes fui.
Ela era moderninha. Linda demais. Espanhola de nascença.
Vc não percebia q era cigana a não ser pelos brincos.
Ela foi uma das mulheres mais lindas que conheci. 


A familia era doida. O pai muito sério, a mãe muito prestativa, mas a vó... Vó Zara.... era totalmente maluca.
Ela morava numa barraca no quintal de mais de Mil metros quadrados, pq não aceitava ficar em uma das 5 suites da casa.


Quando cheguei a primeira vez,
Zarinha cujo nome é o da avó: Zara. Me avisou:
- Escute mas entenda, ela tem mais de 80. Tá?
- Oi dona Zara!
- Dona Zara? Não sou dona de nada. Zara.
- Tá... Oi Zara.
- Que idade vc tem moleque?
- 17
- Mostra tuas mãos ai.
Estendi para ela.
Olhou olhou e olhou de novo.
Percebi uma coisa estranha.
Lágrimas em seus olhos.
Ela disse:
- Radan, vem aqui agora.


Não havia como se escutar, mas logo apareceu esse cara, irmão da Zarinha.
- Tudo bem vó?
- Tudo. Vc tá vendo a Zarinha e seu amigo ai?
- Quem é esse cara vó?
- Diferente de nós. Mas Radan, proteja-os. A vida deles está ligada. Um morre se o outro morrer.
- Tá vó mas não entendo..
- Não pedi para entender Radan. Proteja. Não pergunte o q não posso explicar.


(continua)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

eternidade

Você corria pelos campos,
Foi assim que te vi,
Entre flores que não sei,
Naquele mundo que não entendia.


Você veio do nada.
Apareceu simplesmente,
Me encantou totalmente,
Me fez ver horizontes que nunca imaginei.


Mas tudo isso,
Você não explicou,
Não contou nem me deu aviso.
Apenas aconteceu.


Hoje, eras depois,
Vejo o que o tempo fez.
Não entendo muito bem,
Mas teus olhos estão aqui.


na imensidão do luar,
No brilho do Sol ao amanhecer,
Nos sonhos que nunca
Pude esquecer.


Meu amor,
Minha mente se confunde,
Não quero acreditar,
Mas te conheço a tanto tempo.


Teu sorriso me inunda,
Teus olhos me paralizam,
Teu brilho me ilumina,
Teu ser me faz perdido.


Onde foi lá atrás,
Que nos separamos?
Que destino é esse,
Que nos consome?


Quanto tivemos que viver,
Quanto viveremos mais,
Quantas vidas
Para estarmos juntos?


Olha aqui!
Pare de correr.
Vem comigo.
Vem!


Isso tudo é ilusão meu amor.
No final,
Nada há,
Que não nós.


Sabe aquele teu sonho?
Sabe aquele teu pensamento mais secreto?
Vamos fazer acontecer!
Vem.


Porque,
Nada existe que não tenha sido criado.
Portanto crie agora meu amor:
Nosso futuro.


Ainda há tempo.
Há de haver,
Sempre haverá
Tempo.


Dói viver,
Mas a dor maior,
É morrer sem ter vivido.
Vem aqui. Me abraça.


Me faça não sentir mêdo.
Diz que tudo vai dar certo.
Me olhe,
Me sorria.


Me ilumine, 
Me faça rir,
Enquanto você corre pelos campos
da Eternidade.